Um novo exame consegue determinar com precisão quais homens com câncer de próstata poderão se beneficiar de um tratamento com o medicamento-alvo olaparibe. O teste, um simples exame de sangue, foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto para Pesquisa do Câncer (ICR, na sigla em inglês), em Londres (Inglaterra), e da Fundação Royal Marsden da NHS (sistema de saúde britânico) e, segundo os autores, poderia “melhorar muito a sobrevivência” dos pacientes.
O olaparibe é um medicamento de terapia-alvo. Embora esse tipo de tratamento de precisão seja visto como o futuro da medicina contra o câncer, justamente por ser um tratamento direcionado, não funciona para todos os pacientes. O novo teste, “três em um”, além de apontar quais homens com câncer de próstata avançado provavelmente se beneficiarão da medicação, também detecta sinais precoces de resistência ao medicamento e monitora a evolução do tumor ao longo do tempo, de acordo com um artigo publicado na segunda-feira no periódico científico Cancer Discovery.
Inovação
“Nosso estudo identifica, pela primeira vez, mudanças genéticas que permitem que as células de câncer de próstata se tornem resistentes ao tratamento preciso olaparibe. A partir dessas descobertas, fomos capazes de desenvolver um teste poderoso, três em um, que poderia, no futuro, ser usado para ajudar os médicos a selecionar o tratamento, verificar se ele está funcionando e monitorar o câncer no longo prazo. “, disse Johann de Bono, professor do ICR.
O olaparibe inibe uma proteína chamada (PoliADP ribose polimerase), que mantém a integridade do tumor e que, quando bloqueada, leva à morte das células tumorais. O medicamento atua contra o câncer em pessoas com mutações hereditárias nos genes BRCA1 ou BRCA2 – caso da atriz Angelina Jolie -, que incluem tumores de ovário, mama e próstata. De acordo com os cientistas, os resultados sugerem que o teste pode ser adaptado para pacientes com outros tipos de câncer, não só de próstata.
No Brasil, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro deste ano para tratamento de câncer de ovário.
Exame “três em um”
Ao testar o DNA do câncer na corrente sanguínea, a partir de amostras de sangue de 49 homens com câncer avançado, participantes do ensaio clínico de fase II de olaparibe, os pesquisadores descobriram quais pacientes provavelmente se beneficiarão do tratamento com a droga.
Em seguida, o mesmo teste analisou o DNA cancerígeno no sangue dos pacientes após o início do tratamento, de modo que em cerca de quatro a oito semanas os médicos conseguem identificar quem está respondendo bem à terapia e quem deve receber um tratamento alternativo.
Em terceiro lugar, o teste foi capaz de monitorar o sangue dos participantes ao longo do tratamento com olaparibe e, dessa forma, identificar rapidamente sinais de que o câncer estava evoluindo geneticamente e, portanto, que poderia estar se tornando resistente ao medicamento.
Esperança para o futuro
Paul Workman, executivo-chefe do ICR, acredita que o teste poderia “inaugurar uma nova era de medicina de precisão para câncer de próstata”. “Testes de sangue para câncer prometem ser verdadeiramente revolucionários. Eles são baratos e fáceis de usar, mas, o mais importante, como eles não são invasivos, podem ser empregados ou aplicados para monitorar rotineiramente os pacientes para detectar cedo se o tratamento está falhando – oferecendo aos pacientes a melhor chance de sobreviver à sua doença.”, afirmou.
Fonte: Veja / Site
Notícia publicada em: 20/06/2017
Autor: Indefinido